
Uma jornada pelo impacto real da inovação

Ainda no download mental do evento de abertura onde o prefeito Eduardo Paes anunciou, além da presença do WebSummit no Rio até 2030, o “Rio AI City” que promete transformar a capital fluminense no maior polo de data centers da América Latina e um dos dez maiores do mundo até 2032, apoiando a inovação impulsionada por inteligência artificial.
Logo nas primeiras horas da Web Summit Rio 2025, ficou claro: inovar deixou de ser um diferencial — passou a ser uma responsabilidade.
Ao atravessarmos o primeiro dia, percebemos que o que está em jogo não é apenas a tecnologia que construímos, mas a cultura que escolhemos fomentar a partir dela.
Entre palcos e conversas, a inteligência artificial surgia em múltiplas camadas: como ferramenta, como superpoder, como dilema. A Globant foi precisa ao apontar que a IA não deveria ser vista como ameaça ou substituição, mas como extensão da capacidade humana. Uma ampliação do que podemos criar, imaginar e resolver — desde que saibamos fazer as perguntas certas antes de construir as respostas automáticas.
A NVIDIA nos provocou ainda mais: em um futuro cada vez mais próximo, lidaremos com IA agentiva — sistemas capazes de agir por objetivos próprios. Se até aqui configuramos inteligências para executar, agora estamos às portas de delegar decisões. E, nesse cenário, a questão central deixa de ser “o que a IA pode fazer”, e passa a ser “em nome de quem e de quais valores ela decidirá agir”.
A corrida tecnológica não é apenas uma disputa de inovação — é uma disputa de princípios.
Esse pano de fundo fez ecoar com ainda mais força um dos painéis mais simbólicos do dia: a conversa entre Bianca Franklin, da H&M, e Maira Genovese, da MG Empower. Ao discutir a reconexão emocional das marcas com as pessoas, ambas apontaram para algo que a tecnologia, sozinha, jamais conseguirá entregar: pertencimento.
Bianca foi contundente ao afirmar que, em um mundo saturado de experiências digitais, o físico voltou a ser extraordinário. Mais do que criar ativações, marcas precisam hoje criar memórias culturais — experiências ancoradas no real, no sensível, no local. Já Maira ampliou a perspectiva ao lembrar que comunidades não podem mais ser tratadas como audiências passivas: elas são ecossistemas vivos, que cocriam valor de maneira orgânica. Não é mais sobre falar para muitos, é sobre construir junto com muitos.
A Visa, ao apresentar sua nova plataforma para creators, também reforçou essa inflexão. O futuro da influência não estará nos grandes porta-vozes isolados, mas nas microcomunidades que formam redes de relevância distribuída. Dar voz a criadores emergentes, apostar na diversidade real de perspectivas e descentralizar narrativas serão os caminhos naturais para marcas que quiserem sobreviver à era da autenticidade radical.
Essa descentralização se refletiu também na masterclass do LinkedIn dedicada ao B2B, onde a construção de autoridade foi reposicionada: não basta mais uma marca institucional falar de si mesma — os profissionais precisam ser storytellers de suas causas. A influência agora é construída pessoa a pessoa, rede a rede, verdade a verdade.
Enquanto tudo isso acontecia, uma outra transformação silenciosa se desenhava: o futuro do tráfego orgânico. Neil Patel trouxe números e tendências que alertam para o fim dos truques rápidos de SEO. A IA já está moldando o comportamento de busca e, nesse novo ambiente, a confiança será o ativo mais valioso. Conteúdo técnico cede lugar ao conteúdo confiável. Publicar menos, mas com mais verdade. Posicionar-se não apenas como fonte de informação, mas como referência de integridade.
O dia se encaminhava para o final, mas não sem antes tocar no que talvez seja o maior desafio de todos: a emergência da Inteligência Artificial Geral (AGI) e a necessidade urgente de regulação. A presidente da Anatel trouxe para a mesa a gravidade do tema, lembrando que a regulação da tecnologia é uma questão de preservação da democracia, da diversidade e da dignidade humana. Sem estruturas éticas claras, o futuro da IA corre o risco de concentrar ainda mais poder nas mãos de poucos — e excluir muitos do próprio futuro.
Olhando para tudo o que vimos, sentimos e ouvimos, uma certeza se desenha: a inovação que importa não será medida pela sofisticação dos algoritmos, mas pela profundidade das conexões humanas que eles forem capazes de preservar e expandir.

No Institute for Tomorrow, acreditamos que cada avanço tecnológico traz consigo uma pergunta fundamental:
Para quem estamos inovando? E a serviço de que futuro?
O primeiro dia da Web Summit Rio 2025 foi, acima de tudo, um lembrete de que construir o amanhã é um ato de escolha — um exercício de imaginação crítica e compromisso ativo com futuros mais justos, criativos e regenerativos.
Seguimos atentos. Amanhã, um novo capítulo dessa travessia.