Austin continua sendo um espelho do mundo – e o SXSW 2025 refletiu um planeta em tensão, em transformação e, acima de tudo, em busca de conexão.
No episódio de estreia da série especial Download SXSW 2025 do TomorrowCast, gravado diretamente dos estúdios da Empathy, mergulhamos nas conversas que marcaram a missão do Institute for Tomorrow ao SXSW 2025 – uma jornada em parceria com Abedesign, com patrocínio de Cielo e Diageo, e apoio de Hands, LOI, 20Dash, aMadre, Colletivo Design e Questtono QNCO.
Ao lado de Laura Barros, Camilo Barros, Camila Tabakci, Larissa e João Batista, este episódio não é uma cobertura factual: é uma leitura estratégica do que o festival nos provoca — e exige de nós como líderes, criativos e inovadores.
O pano de fundo: um mundo cada vez mais rápido, ansioso e solitário
A primeira camada do SXSW 2025 que se impõe é emocional. As palavras solidão, empatia, pertencimento e vulnerabilidade estiveram no centro de conversas com personalidades como Michelle Obama, Brené Brown, Laurie Santos e Scott Galloway.
O dado que chocou:
“Adolescentes hoje se encontram 70% menos do que a geração anterior.” — Scott Galloway
A saúde mental evoluiu para saúde social, e o impacto do digital nas relações humanas foi amplamente discutido como a verdadeira crise do nosso tempo.
A gravação ao vivo do podcast de Michelle Obama e seu irmão, com Laurie Santos, exemplificou esse novo foco: vínculos familiares, luto, felicidade, e o imperativo de viver offline. Já Brené Brown, em sua participação no podcast de Andy Roddick, trouxe uma das frases mais marcantes do festival:
“Criamos uma cultura que busca felicidade no resultado, quando a verdadeira felicidade está no processo.”
Dados e privacidade: o dilema silencioso
A tecnologia está se acelerando – e com ela, cresce a nossa negligência sobre os dados que entregamos em troca de conveniência.
Na visão potente de Laura Barros, inspirada pela fala de Meredith Whittaker (Signal):
“A pergunta não é o que você tem a esconder, mas por que alguém teria o direito de bisbilhotar sua vida?”
A crítica vai além da vigilância. Trata-se de consciência. Da clareza de que, se não formos protagonistas da nossa privacidade, seremos peças passivas de modelos de negócios opacos.
No mesmo palco, nomes como BlueSky ampliaram essa reflexão, mas a ironia da prática foi inevitável: os participantes postavam os insights… no Instagram.
De dados a experiências pessoais: marcas com propósito real
A lógica da personalização deu lugar a uma exigência maior: conexões autênticas. A Rare Beauty, marca da Selena Gomez, apresentou uma nova proposta de valor:
“Mais do que personalizar, buscamos relações pessoais e sinceras com nossa comunidade.”
A tecnologia, neste contexto, precisa servir ao humano — não substituí-lo. A construção de experiências autênticas exige dados, sim, mas exige também intenção, ética e escuta ativa.
A ciência como motor da imaginação: do cérebro recriado à vida fora da Terra
Entre os momentos mais transformadores da missão, esteve a palestra de Dr. Alysson Muotri, neurocientista brasileiro. Seu projeto? Recriar cérebros humanos em laboratório, a partir de uma única célula-tronco. Em quatro meses, o que era invisível se torna um organoide funcional, que responde a estímulos e permite entender o desenvolvimento de condições como o autismo.
“O que eu não consigo criar, eu não consigo entender.” — Dr. Alysson Muotri
E mais:
A pesquisa já ajudou a decifrar os efeitos do Zika vírus.
Tem parceria com a NASA para estudar o envelhecimento celular em astronautas.
Usa plantas da Amazônia como base de compostos neuroativos.
Esse não é um projeto de ficção científica. É presente em estado bruto.
Moonshots, falhas e a necessidade de errar para evoluir
Em contraste direto com o culto à eficiência imediata, o SXSW 2025 também celebrou o fracasso como ferramenta de inovação. No lançamento do podcast The Moonshot Factory, do Google, o cientista Astro Teller compartilhou histórias de grandes erros… e dos aprendizados que deles nasceram.
“Vamos falhar, sim. Mas vamos falhar com método, com propósito, com aprendizado.” — Astro Teller
Ali se revelou um novo paradigma: o da inovação que não tem medo de errar, mas que erra com responsabilidade.
IA, psicodélicos e emoções sob demanda: qual é o limite?
Se a vulnerabilidade é a chave da imaginação — como disse Brené Brown —, o que acontece quando criamos emoções sintéticas, sem vínculo humano?
As palestras sobre o uso de psicodélicos e tecnologias para simular experiências emocionais trouxeram um alerta:
“Se podemos rir, chorar ou sentir amor sob demanda, o que acontece com nossa necessidade de convivência?” — Laura Barros
Esse é o ponto em que a tecnologia deixa de ser ferramenta e passa a ser espelho — distorcido, às vezes. A grande questão se impõe: como conciliar hiperconectividade com humanidade?
O bioma do amanhã: extinção reversa e design do futuro
A Colossal, empresa que estuda a reversão da extinção de espécies, também provocou. Devolver o mamute à natureza não é só sobre curiosidade científica, mas sobre reequilíbrio ecológico e restauração de biomas. Uma ciência aplicada à sobrevivência planetária — e não apenas à ficção de laboratório.
“Já conseguimos fazer um rato nascer com gene de mamute. Mas o ponto é: estamos preparando o futuro da biodiversidade.” — Ben Lamm, CEO da Colossal
Entre a fascinação e o ceticismo, a tecnologia do amanhã exige mais do que inovação: ética, propósito e visão sistêmica.
O podcast como plataforma de conhecimento e pertencimento
O SXSW 2025 consolidou o podcast como o grande formato da conversa contemporânea. De Michelle Obama a Scott Galloway, de Laurie Santos a Marques Brownlee, os estúdios de gravação ao vivo foram palco de reflexões mais espontâneas, íntimas e profundas do que muitos keynotes.
“O Tomorrowcast nasceu para isso: criar pontes entre ideias e impacto.” — Camilo Barros
O saldo do episódio: inovação como coragem e equilíbrio
Laura Barros resume o espírito da missão:
“Inovação é coragem. É assumir riscos mesmo com medo. Porque o futuro não é mais ficção. Ele é real. E já começou.”
Larissa completa:
“A maior lição é o equilíbrio. Entre IA e humanidade, entre hiperconexão e saúde social. O SXSW nos mostra que o futuro exige mais escuta, mais presença, mais vulnerabilidade.”
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