No SXSW London 2025, o Institute for Tomorrow teve o privilégio de entrevistar Ben Lamm, fundador e CEO da Colossal Biosciences, uma das empresas mais inovadoras do mundo na fronteira entre biotecnologia, inteligência artificial e conservação ambiental. Em uma conversa que percorreu avanços científicos, dilemas éticos e oportunidades de colaboração global, Ben nos ofereceu um panorama de como a desextinção pode se tornar uma ferramenta estratégica no enfrentamento da crise da biodiversidade.
A ambição de Colossal: transformar ciência em impacto positivo
Ben Lamm descreve a Colossal como uma empresa dedicada a usar DNA antigo e engenharia genética para reviver espécies extintas e, ao mesmo tempo, desenvolver tecnologias aplicadas à conservação. Em suas palavras, trata-se de criar um verdadeiro “kit de ferramentas da desextinção”, capaz não apenas de trazer de volta espécies como o mamute-lanoso, o lobo terrível (dire wolf) e o dodô, mas também de proteger espécies atuais ameaçadas de desaparecer.
Durante a entrevista, Ben destacou que a recente reintrodução do lobo terrível representa um marco comparável ao “pouso na Lua da conservação”. Pela primeira vez na história, foi possível usar DNA de até 72 mil anos, combinando tecnologia de sequenciamento, modelagem computacional e engenharia genética para gerar filhotes viáveis. Além disso, a Colossal já aplicou parte dessas tecnologias para clonar lobos vermelhos americanos, espécie mais ameaçada do mundo com menos de 15 indivíduos na natureza.
Para além da ficção: ciência real e desafios éticos
Naturalmente, o tema da desextinção evoca comparações com Jurassic Park. Ben reconheceu a influência da ficção científica na imaginação coletiva, mas reforçou: “Jurassic Park ajudou o mundo a entender que existe algo chamado DNA e que a engenharia genética é real. O que fazemos é ciência real, construída com rigor e responsabilidade.”
Esse rigor inclui um compromisso ético com a open source: as tecnologias desenvolvidas pela Colossal para conservação são disponibilizadas gratuitamente para pesquisadores e instituições ao redor do mundo. Além disso, a empresa criou a Colossal Foundation para financiar iniciativas de conservação baseadas em suas tecnologias.
O Brasil e o futuro da biodiversidade
Quando questionado sobre o Brasil, Ben foi direto: “Adoraríamos trabalhar com o Brasil. Somos colaborativos e apaixonados pelo potencial de projetos de biobancos, mapeamento genético e conservação de espécies chave.” Ele destacou a importância de parcerias para coletar amostras de tecidos de espécies criticamente ameaçadas e criar bancos genéticos que possam garantir a preservação da diversidade populacional no longo prazo.
Essa visão ressoa com os desafios e as responsabilidades do Brasil, que abriga parte significativa da biodiversidade global. A convergência entre ciência, tecnologia e políticas públicas será fundamental para transformar essas oportunidades em impacto.
Uma década decisiva
Encerrando a conversa, Ben projetou a Colossal para os próximos dez anos: “Espero que, além de termos reintroduzido espécies extintas em seus habitats naturais em parceria com governos e comunidades indígenas, tenhamos disseminado essas tecnologias no ecossistema da conservação, ajudando a salvar espécies antes que desapareçam.”
A entrevista com Ben Lamm reafirma o compromisso do Institute for Tomorrow em promover diálogos que inspirem soluções reais para um futuro mais sustentável, inclusivo e inovador.