O terceiro dia do SXSW London 2025 trouxe à tona algo essencial: a tecnologia só faz sentido quando nos reconecta ao que nos torna humanos. Entre falas que ecoaram sobre luto cultural e a força geopolítica da IA, o dia foi marcado por conversas sobre o impacto real — e as contradições — da inovação no mundo contemporâneo.
Aaron Powers e o Luto como Espaço de Inovação
Abrimos o dia com Aaron Powers, que nos convidou a olhar para o luto não como um obstáculo, mas como um motor de transformação. Ele lembrou que cada inovação provoca um luto cultural — e que as empresas devem agir como conselheiras de luto, honrando o que desaparece, escutando o que persiste e ajudando a imaginar o que vem.
No Institute for Tomorrow, acreditamos que essa abordagem de escuta e participação é a base para qualquer inovação que queira ser mais do que técnica: que queira ser significativa.
IA e o Futuro do Trabalho: A Era da Impaciência
Na conversa entre Blair (Multiverse) e Nicole Mundin (Ventures Audacious), o foco foi o impacto da IA nos empregos. O debate foi além do clichê de “vai substituir ou não?” e trouxe à tona a urgência de requalificação e a necessidade de lideranças corajosas. Blair lembrou que cada pessoa precisará de IA em seu trabalho para não ficar para trás, enquanto Nicole destacou que falta ambição e também coragem para sonhar grande.
Ambos mostraram que o futuro do trabalho não será feito apenas de automação, mas de pessoas que aprendem a colaborar com a IA e que mantêm a curiosidade como diferencial humano.
Geopolítica da IA: O Poder que Não se Vê
Sarah Press trouxe uma análise geopolítica provocadora: IA como o “petróleo do século XXI”, mas com o poder de moldar democracias, economias e até narrativas culturais. O Institute for Tomorrow acredita que esse poder não é neutro — cada linha de código carrega valores e cada modelo, ideologias.
A disputa por IA é, no fundo, a disputa por quem decide o que é real e o que importa — e por isso exige vigilância, ética e participação de toda a sociedade.
WPP e a Reinvenção da Criatividade com IA
A fala de Mark Read, CEO da WPP, destacou como a IA está remodelando o mundo da publicidade e do marketing em escala global. Para ele, a IA não elimina a criatividade, mas a amplia. O maior desafio não está na tecnologia, mas na cultura das empresas: integrar a IA como parceira, e não apenas como automação. Essa visão ressoa com o que o Institute for Tomorrow acredita — que a criatividade sempre será humana em sua essência, mas encontra novas possibilidades quando se conecta com ferramentas tecnológicas que a potencializam.
Confiança e IA: Uma Nova Urgência
No painel sobre IA confiável, William Tunstall-Pedoe e Liz Basilar foram diretos: IA não pode ser uma “máquina de adivinhação” quando vidas e decisões estão em jogo. A busca por IA confiável vai além da precisão técnica — requer transparência, explicabilidade e respeito ao humano.
A Magia do Abba Voyage e as Experiências Imersivas
O painel sobre o ABBA Voyage e as reuniões sobre experiências imersivas mostraram que tecnologia e cultura podem se encontrar em um espaço sagrado: o pertencimento. O ABBA Voyage não é apenas um show, mas um ritual de nostalgia e de futuro. Da mesma forma, projetos imersivos como os da AR Studio e da Under Armour lembram que o design e a narrativa são tão importantes quanto o hardware.
Psicodélicos e Saúde Mental: Integração e Comunidade
Rose Cartwright e David Nutt, no painel sobre psicodélicos e saúde mental, trouxeram uma reflexão potente: a cura não está só na substância, mas na integração e no cuidado coletivo. Rose afirmou que trauma não é apenas um problema do cérebro, mas da cultura e da comunidade.
No Institute for Tomorrow, vemos nessa fala um convite para que negócios e governos entendam que tecnologia, cultura e bem-estar são indissociáveis.
Open Source, Comunidade e Poder Coletivo
Matt Mullenweg, do WordPress, lembrou que open source não é só software — é um compromisso com liberdade, autonomia e equidade. Ao defender o código aberto, ele sinalizou algo maior: que a inovação precisa ser construída como bem comum, não como monopólio.
2050: Imaginação como Ferramenta de Impacto
Em meio à programação, o talk “2050” trouxe provocações sobre longevidade, colapso climático e o futuro das cidades. Essa sessão lembrou que pensar o longo prazo não é luxo — é necessidade. Foi um convite para que governos, empresas e cidadãos reconheçam que a imaginação é uma ferramenta política e social poderosa, capaz de antecipar desafios e de construir futuros possíveis.
Lições e Desafios para o Futuro
O terceiro dia do SXSW London 2025 reforçou que IA e tecnologia são forças culturais e políticas, não apenas ferramentas. Mostrou que o humano — com suas memórias, dores e esperanças — é o centro de qualquer transformação real. E que as marcas e empresas que sobreviverão não serão as mais rápidas, mas as mais conscientes e conectadas ao que faz sentido para as pessoas.
Acreditamos que o futuro não é algo que esperamos: é algo que construímos juntos, com ética, imaginação e escuta. O terceiro dia do SXSW London 2025 nos lembrou disso — em cada talk, cada insight e cada história.