A interseção entre tecnologia, criatividade e comportamento humano esteve no centro das discussões do quinto dia do SXSW 2025. Dos videogames como força cultural ao avanço da computação quântica, passando pelo impacto das narrativas que nos conectam, os debates reforçaram como inovação e emoção não apenas coexistem, mas se amplificam mutuamente, redefinindo nossa relação com o mundo. Nossa equipe acompanhou de perto essas transformações e reuniu os principais insights do dia. Confira os destaques e as provocações que estão moldando o futuro.
Metallica e Apple redefinem a experiência musical imersiva
O baterista do Metallica, Lars Ulrich, e o diretor criativo global da Apple Music, Zane Lowe, anunciaram o lançamento de uma experiência imersiva da banda no Apple Vision Pro, disponível gratuitamente a partir de 14 de março para usuários do dispositivo. Gravada na Cidade do México durante a turnê M72, a experiência de 26 minutos utiliza tecnologia de vídeo 3D em 180 graus e áudio espacial para transportar os espectadores ao centro do show. Em conversa com Lowe, Ulrich destacou o compromisso do Metallica em explorar novas tecnologias e estabelecer parcerias com Fortnite, Vans e Dr. Martens na busca contínua por inovação e maior proximidade com o público. Essa abordagem não só tem ampliado a presença global da banda, mas também redefinido a interação entre artistas e fãs, criando um novo paradigma para a indústria da música ao vivo.
O futuro dos games: entre cultura, tecnologia e narrativa
O comediante Conan O’Brien e Johanna Faries, presidente da Blizzard Entertainment, discutiram como os games vêm se consolidando como uma linguagem universal da cultura pop e destacaram como os jogos ampliam narrativas, criam comunidades e influenciam outras indústrias criativas. A aquisição da Activision Blizzard King pela Microsoft (US$ 68,7 bilhões) também foi tema da conversa, com Faries garantindo que a parceria expandirá o acesso ao cloud gaming, sem comprometer a identidade dos estúdios. Sempre afiado, Conan brincou: “Isso inclui chips cerebrais? Prefiro que o meu me lembre de comprar leite.”
Computação quântica e IA: a revolução invisível já começou
Para Arvind Krishna, CEO da IBM, o impacto da computação quântica será tão profundo quanto o da inteligência artificial, e os primeiros grandes avanços devem ocorrer nos próximos quatro anos. Krishna explicou que, enquanto a IA aprimora a produtividade a partir de dados existentes, a computação quântica permite novas descobertas, explorando padrões que vão além do conhecimento humano. A IBM já trabalha na estabilidade dos qubits, abrindo caminho para aplicações que vão da indústria farmacêutica à ciência dos materiais.
“A tecnologia sempre complementa, nunca substitui. O smartphone não eliminou o laptop. Acredito que a computação quântica será um acréscimo. Assim como ajudamos a inventar os mainframes e os PCs, talvez no campo quântico possamos ocupar essa posição por um longo tempo.” – Arvind Krishna
O que torna uma marca memorável?
Dan Greenwald (White Rhino) e Paco Underhill (Peckshee) exploraram como neurociência, design e storytelling ativam respostas instintivas e emocionais no consumidor. O painel abordou desde embalagens inovadoras até campanhas digitais que sustentam engajamento, discutindo o equilíbrio entre personalização e privacidade. A conclusão? A maneira como percebemos marcas é moldada por experiências prévias – e as marcas mais bem-sucedidas são aquelas que entendem como conversar com o cérebro humano em um nível subconsciente.
Storytelling: a ponte entre emoção e inovação
Cheryl Miller Houser (Creative Breed) trouxe uma provocação essencial: histórias não apenas emocionam – elas constroem futuros. Em um mundo onde as marcas competem por atenção, a autenticidade se tornou um diferencial estratégico. A campanha da Volkswagen, que utilizou IA para recriar um encontro entre Elis Regina e Maria Rita, foi um exemplo de como a tecnologia pode amplificar conexões humanas e memórias afetivas. Mais do que entreter, o storytelling atua como ferramenta de impacto, transformação e inovação, influenciando mercados e culturas.
A ciência da viralidade: por que alguns vídeos grudam na mente?
No painel “Your Brain on Viral Videos”, Vivien Puppa Kocsis (Harvard Data Scientist) revelou como o cérebro processa conteúdos virais e o que faz um vídeo se tornar irresistível. A pesquisa mostrou que vídeos virais ativam dois sistemas simultaneamente:
- Cérebro automático → responde a cortes rápidos, surpresas e emoções intensas.
- Cérebro consciente → se conecta a narrativas bem estruturadas e informativas.
A palestra destacou três gatilhos essenciais para viralização: atenção, com impacto nos primeiros segundos; emoção, para incentivar o compartilhamento; e compreensão, garantindo mensagens claras e intuitivas. Criadores como MrBeast e Jenna Marbles foram citados como exemplos da aplicação dessas estratégias, enquanto a IA já ajuda a prever padrões de engajamento e ajustar edições para otimizar a retenção.
O que ficou do dia?
O SXSW 2025 nos lembra que tecnologia e criatividade não são forças opostas – são complementares. Seja na revolução quântica, na criação de narrativas envolventes ou na forma como interagimos com marcas e entretenimento, o que se desenha é um futuro onde a inovação só faz sentido quando gera conexões autênticas.
À medida que acompanhamos as discussões e tendências por aqui, fica claro que o impacto da tecnologia não está apenas em seu avanço, mas no que escolhemos fazer com ela.
Amanhã tem mais!
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A missão SXSW 2025 do Institute for Tomorrow, em parceria com a ABEDESIGN, é apresentada pela Cielo e Diageo.